A pergunta que fica é: será que a população do entorno desta pista está preparada para tamanho movimento que tem sido registrado nesta via? Ou, temos mecanismos de segurança para amenizar esta convivência entre pedestres e veículos nada harmoniosa, nos últimos tempos?
Dois atropelamentos foram registrados no trecho da BR 459, entre Caldas e Congonhal, nos últimos dois dias.
Na quinta-feira, feriado de 01/05, por volta das 20h, um senhor de 69 anos foi atropelado à altura do km 93,1 da BR 459, próximo à entrada do bairro dos Coutinhos, em Congonhal. A Policia Rodoviária Federal informou se tratar de um atropelamento de um veículo ligeiro, uma moto Honda / XR 250, que vitimou o homem que estava na faixa de rolamento e morava nas redondezas. Chico da Reta, como era mais conhecida a vítima, já foi encontrado sem vida quando da chegada da PRF, do SAMU, equipe da Concessionária, com ambulância, tendo sido acionada também a Funerária de Pouso Alegre, bem como a Perícia Criminal para investigar o caso.
Segundo o condutor da moto, que teve várias lesões, o pedestre idoso estaria andando sobre a faixa de rolagem desacompanhado e em local nada iluminado. O corpo do pedestre foi removido pela funerária ao IML de Pouso Alegre, e sepultado em Congonhal no dia seguinte. O condutor da moto foi socorrido pelo SAMU ao Hospital Samuel Libânio que não divulga o estado de saúde de seus pacientes.
Quase no mesmo horário, um cavalo na pista foi atropelado por um ônibus, na entrada do Bairro da Grota Rica, também na BR 459. A região fica próxima à praça de Pedágio instalada no município. Neste caso, porém, não houve vítimas humanas. O trânsito não foi interrompido, mas seguiu lento pelo local, fazendo o desvio em uma das faixas.
Já nesta sexta-feira, no mesmo horário, por volta das 20h, um outro homem foi atropelado na BR 459, só que, desta vez, dentro da área do município de Caldas.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o acidente ocorreu no KM 23,4, próximo à entrada do Distrito de Santana. Um Fiat Doblo vermelho atingiu algo, ao transitar pela rodovia. O motorista, de 58 anos, contou que parou o veículo à frente, pensando ter atingido algum animal, ou obstáculo, e se deparou, infelizmente, com pedestre já morto, no asfalto. A vítima do atropelamento, um homem de 53 anos, morava próximo ao local do acidente e, segundo testemunhas, estava num campo de futebol que fica no entorno, até momentos antes do ocorrido. Até que se despediu e saiu com direção à residência dele.
O que não se sabe, porém, é porque o homem estaria caído sob o asfalto, algo que pode ser deduzido devido à dinâmica dos fatos. O veículo que atingiu a vítima não tinha nenhum tipo de lesão na lataria, para-choque ou no para-brisas, algo que seria comum se a vítima tivesse sido arremessada contra o veículo, em casos de atropelamento, nos quais a vítima está de pé. Neste acidente, os danos ao veículo foram registrados somente por baixo do carro. O que ajuda a tipifica a colisão como sendo contra algo que já estivesse nessa mesma região do assoalho do automóvel, ou seja, de uma pessoa deitada na pista, sem altura comum a alguém de pé.
O corpo do pedestre foi removido pela funerária ao IML de Poços de Caldas e o condutor do veículo, de 58 anos, permaneceu no local, e não se feriu no acidente. O veículo é registrado em São Paulo e ia de Caldas para Guaxupé onde seu proprietário atenderia alguns clientes.
Em ambos os casos, a pergunta que parece evidente é: se os moradores do entorno da BR 459 estão preparados para lidar com tamanho movimento que a rodovia vem registrando nos últimos tempos?
Não tivemos acesso à números que, certamente, são de conhecimento da Concessionária que administra a via e a outras autoridades que cuidam do trecho. Mas, como moradores de cidades que são cortadas pela via, e mesmo os que fazem uso dela, com frequência, é possível a todos constatar um grande volume de veículos, inclusive os pesados, que tem transitado por ela.
Muitos pensavam que, com a instalação de pedágios na região, o fluxo de automóveis pela rodovia tenderia a diminuir. Mas não foi isso que aconteceu.
Não se sabe se é o grande número de empresas instaladas em cidades da região, como em Pouso Alegre ou Poços de Caldas, duas das maiores cidades do sul de Minas e que são ligadas por essa rodovia, que pode justificar esse aumento no número de veículos. Ou, ainda, a inexistência de balanças no trecho, o que atrai os veículos pesados para a região.
O que é possível constatar é que em cidades como a de Congonhal e Ipuiuna, por exemplo, onde não há outra via de contorno, o trânsito, em horários de pico, é algo que parece intransponível.
Em dias comuns, sem que seja feriado, ou algo excepcional, por volta das 17 horas, chamado de horário de pico, pelo movimento nas próprias cidades, seja de crianças e automóveis saindo de escolas, ou de funcionários, do serviço, é tarefa longa e arriscada acessar ou sair de uma avenida principal das cidades, que também é trecho urbano da BR 459.
Nos casos de atropelamento registrados nesta semana, bem como em anteriores, como de outro senhor de 63 anos, em 18 de abril, próximo à Congonhal, atropelado por um caminhão, pode-se notar o mesmo perfil de moradores de mais idade que são vitimados. Às vezes, por um mal súbito, ou por subestimarem o perigo ao caminharem sob a faixa de rolamento, sem nenhum tipo de identificação, e o excesso de veículos cada vez mais rápidos e, de motoristas cada vez mais apressados, o trânsito tem ceifado a vida de muitos.
Será que não será necessária a junção de uma educação para o trânsito, entre as comunidades que têm a BR como vizinha, com mecanismos que visem à redução de velocidade em trechos urbanos? Ou ainda, com a construção de rodovias do contorno nas comunidades diretamente atingidas por essa pista, mas de maneira urgente, e não só prometida para daqui a 2, 3 ou sabe-se lá a quantos anos? Afinal, população não pode esperar tanto!
O preço do movimento, do desenvolvimento sempre é alto! E inevitável! Mas, fica o questionamento, pois as vidas que se foram não poderão ser trazidas de volta. Mas, se faz urgente e necessária alguma intervenção, por parte de quem de direito pode agir nesta situação, pois ela é dramática e está aí pra quem quiser ver. Antes que tantas outras vidas possam ser extintas ou famílias destruídas pela dor da perca de um ente querido